terça-feira, 23 de agosto de 2011

fissura

numa noite dessas de inverno
poucas vezes me levantei da cama
mas quando saí, postei-me duas vezes atrás da porta
nas demais horas, rondei a mesa de jantar

também, agora lembro, deitei no chão do banheiro, no escuro
gritei, pois nunca houve a quem acordar

dediquei dezessete minutos a mim mesmo
uma homenagem silenciosa, espontaneamente triste
cheia de reticências que torturam qualquer alma
numa próxima vez, grito mais alto

mas é que não haverá a quem acordar
a quem recorrer
só está em mim o prazer que posso receber
numa noite dessas, ora!, me acabo de prazer!

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

si

não há ninguém mais triste do que aquele que busca uma definição de si mesmo
mas se ilude ao acreditar que um dia poderá saber da totalidade que é sua e ao mesmo tempo lhe escapa
na tranquilidade provisória, suspira por uma aprovação - que virá de outro, ou outros

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

terceira descida

eu desci do topo onde me coloquei
eu fiz e faria novamente
esses sentimentos miseráveis me tomaram
e eu sei que um dia volto para lá
todos os olhares de tristeza me tem
mas eu estou conquistando meu lugar
haja o que houver
eu farei o que for