Olha, certeza, certeza mesmo não posso garantir. Sabe, tem momentos de uma noite que simplesmente apagam em nossa memória, e aí você passa a receber um monte de versões do que pode ter acontecido, e fica preocupado ao saber que os relatos partem de gente que também sofreu algum tipo de amnésia durante a mesma noite que você, ou que beijou traveco pensando que se tratava de uma loirassa. É como se aquelas poucas horas de sua vida se tornassem um livro aberto, tipo aqueles que se fazem presentes em exposições de arte, recebendo canetada uma atrás da outra de um bando de gente que, na maioria das vezes, não entendeu porra nenhuma do que viu, mas não deixa escapar a oportunidade de prestar alguma homenagem pro artista e assinar em baixo.
Não que eu tivesse bebido. Não que eu tivesse me drogado. Longe disso. Mas acho que pelo menos uma dessas possibilidades foi a responsável pela minha súbita deficiência, a ser, não lembrar nada do que se passou entre as onze e meia da noite do dia 15 de julho – hora em que, de acordo com testemunhas, já fazia mais de meia hora que dizia que amava todo mundo – e as quatro da tarde do dia seguinte - hora em que, de acordo com testemunhas outras, eu acordava me queixando de forte dor de cabeça, culpando, com veemência, o travesseiro.
Ouvi uma porção de reconstituições do que ocorreu. É horrível não poder, nessas horas, duvidar da palavra do outro, pois você simplesmente ouve as pessoas contarem histórias ditas reais tão absurdas, surreais, inimagináveis e, muitas vezes, escatológicas tendo como personagem principal você mesmo, que ou você acredita, ou manda matar todas as testemunhas, fazendo calar para sempre essa poderosa voz que insiste em queimar seu passado ao longo das próximas gerações.
Mas o que dizem por aí é que, não contente com o fato de ter recebido uma dura da irmã-diretora lá do convento naquela manhã, quando me dirigia para o congresso, devido ao fato de ter chegado tarde na noite anterior, guardei o rancor no meu peito até não poder mais agüentar e, já presente no porão do Alemão, balada tradicional de Manaus, afaguei tudo o que de pior sentia a respeito da Igreja Católica e suas freirinhas com vodka, cerveja e tequila barata. Por volta das duas da manhã, apaguei. No caminho de volta, já dentro do celta que alugáramos dois dias antes, recuperei parcialmente o estado de vigília e, ao nos aproximarmos da entrada do convento onde estávamos hospedados, prontifiquei-me a insultar qualquer bata que me aparecesse na frente. Com o carro parado na frente da entrada que leva aos dormitórios, cumprimentei uma das irmãs e disse que, ali, ninguém estava alterado não, senhora! Conclui com a seguinte avaliação: vocês, noviças, precisam beber mais e, quem sabe, um p... desse tamanho!
sábado, 1 de agosto de 2009
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